A experiência fundamental de sentir-se amado
Os animais são grandes mestres em vários assuntos. Mas o que considero mais fundamental é a capacidade que eles têm de nos fazer sentir amados. E com eles nada é da boca pra fora. Eles não dizem o que queremos ouvir. Não nos compram com presentes. Apenas amam ao seu modo, amam olhando nos olhos da gente, amam com verdade.
Aprendi muito sobre o amor convivendo com os animais. Eles nos mostram como recebemos o amor, como doamos de volta, como correspondemos um silêncio de paz. Eles nos ensinam, sem que a gente se dê conta do quanto estão fazendo por nós.
Já com os humanos, a experiência fundamental de sentir-se amado é uma questão de momento. Pois os humanos não possuem essa capacidade plenamente desenvolvida. Humanos correm, dispersam fácil o olhar. Imagino que falte aos humanos uma certa disposição. Na vida, aquilo que fazemos melhor é o que nos dispomos de coração para fazer. Seja um trabalho, seja uma conversa, seja um abraço.
E como amar é também ocupar um lugar de vulnerabilidade, quantas vezes eles sofrem dores terríveis porque insistem em amar…
Infelizmente, o que devolvemos a esses animais é muitas vezes o avesso do que recebemos. Por exemplo, no ato de consumir carne, leite, ovo, couro, peles, produtos testados em animais, existe o pior descaso do mundo, que é a indiferença à possibilidade do amor mais espontâneo e verdadeiro.
E na indiferença seguimos, entre uma exceção e outra, entre um despertar e uma recaída, doendo e fazendo doer, seguimos tentando manter os olhos do espírito aberto e o coração quente e receptivo para todo amor que, no final das contas, é o que nos torna dignamente humanos – ouso até dizer que é justamente a experiência fundamental de sentir-se amado o cerne do que nos mantém vivos.
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