Captura, Esterilização e Devolução – CED
Capturar-Esterilizar-Devolver é um método humano e eficaz de controlo de colônias de gatos e de redução da população felina silvestre. O processo envolve a captura dos gatos de uma colônia, a sua esterilização, um pequeno corte na orelha esquerda para fins de identificação, desparasitação e, por fim, a devolução do animal de volta ao seu território de origem. Sempre que possível, os animais adultos meigos e e as crias que ainda estejam em idade de sociabilização são retirados das colônias e encaminhados para adopção. Um prestador de cuidados fornece comida e abrigo aos gatos devolvidos, monitoriza a colônia à procura de elementos novos e faz a mediação dos conflitos que possam surgir entre os gatos e a comunidade envolvente.
O CED oferece uma série de vantagens tanto para as colônias como para a comunidade. Enquanto ativista de CED, é aconselhável estar informado acerca destas vantagens e ter a capacidade de as verbalizar sempre que necessário. O CED é ainda um conceito relativamente novo e muitas pessoas não vão compreender porque é uma boa ideia devolver os gatos ao local onde foram encontrados. Por isso, explique-lhes!
As vantagens do CED – na colônia
Esterilizar os gatos de uma colônia tem as seguintes vantagens para a vizinhança:
1. Não haverá mais ninhadas, e a população de gatos irá diminuir com o tempo. Se todos os gatos forem esterilizados não haverá mais ninhadas. Se eventuais novos elementos da colônia forem rapidamente capturados e castrados ou entregues para adopção, o tamanho da colônia irá diminuir drasticamente com o tempo.
2. Redução dramática do barulho. A grande parte do barulho proveniente de uma colônia fértil tem origem no acasalamento e nas lutas – comportamentos que são fortemente reduzidos com a esterilização.
3. O cheiro torna-se muito menos intenso. Os machos inteiros marcam o seu território com urina carregada de testosterona, dando origem a um cheiro especialmente forte e desagradável. Os machos castrados, pelo contrário, irão marcar muito menos o território, e em muitos casos deixam de o fazer por completo.
4. Mantém-se o controlo de roedores. Os gatos são um método natural e muito eficaz de controlo da população de roedores, principalmente devido ao seu cheiro. Devolver os gatos ao seu território vai permitir que este controlo se mantenha.
5. Uma colônia mais saudável e menos visível. A esterilização, alimentação regular e abrigos adequados melhoram substancialmente a saúde da colônia. Uma vantagem disto é haver muito menos parasitas, tais como pulgas. Além disso, os gatos têm menos tendência para deambular em busca de comida e parceiros para acasalar, fazendo com que se tornem também menos visíveis.
6. Exclusão do fator pena/tristeza. Os habitantes preocupados das vizinhanças deixam de se deparar com cenários miseráveis de gatos esfomeados ou crias moribundas.
7. A presença de um prestador de cuidados. Com o CED, haverá alguém responsável pela colônia, para cuidar dela e tratar de quaisquer problemas que possam surgir com a vizinhança.
8. Evita a criação de outra colônia, nova e não esterilizada. Retirar a maioria ou todos os gatos de uma colônia deixa o território aberto para ser novamente colonizado. Gatos novos e inteiros tomarão o lugar dos anteriores e os problemas antigos regressarão (efeito de vácuo). Esterilizar a colônia e deixá-la no seu território quebra este ciclo de repovoação.
As vantagens do CED – na comunidade
As vantagens do CED, quando estendido a toda a comunidade, vão além de cada colônia individual:
a) Menos gatos silvestres e vadios em toda a comunidade. Estudos recentes mostram que quando, numa dada área geográfica, 70% dos gatos de rua são esterilizados, os nascimentos diminuem e a população estabiliza. Acima dos 70%, a população começa a decrescer, diminuindo drasticamente à medida que chegamos aos 100% de esterilizações.
b) Menos eutanásias. A existência de menos gatos silvestres na comunidade devido ao CED resulta em menos casos de eutanásia nos canis locais, por dois motivos: em primeiro lugar, aparecem menos gatos silvestres e inadotáveis, cujo destino é, quase sempre, serem abatidos; em segundo lugar, havendo menos gatinhos silvestres a nascer, haverá mais espaço nos abrigos de associações de animais e mais lares para gatos domésticos abandonados ou perdidos que, de outra forma, seriam eutanasiados por falta de recursos.
c) Menos queixas às entidades camarárias. Um declínio da população felina devido a programas de CED significa menos aborrecimentos para a comunidade em geral (miados, lutas, marcação de território, estragos em automóveis, fezes) e, assim, resulta em menos queixas às entidades camarárias.
d) Mobilização de ações de voluntariado. Dado que o CED é pró-vida, atrai um número considerável de voluntários, ao contrário do que acontece com as atividades de captura e abate realizadas pelos canis municipais. O número de gatos silvestres em Portugal ascende às centenas de milhares. Por isso, a capacidade de mobilizar um exército de voluntários é essencial para pôr um fim à super população de gatos silvestres.
e) Redução de custos. A redução das taxas de eutanásia nos abrigos de associações locais e canis/gatis camarários, o menor número de queixas às entidades competentes e o recurso ao trabalho voluntário contribuem para a redução exponencial dos encargos relacionados com felídeos. Por exemplo, em 1992, no condado de San Diego, EUA, o CED foi introduzido. Ao fim de dois anos, as taxas de eutanásia diminuíram 40%. Se pensarmos nos custos associados à recolha, abrigo e eutanásia de cada gato, esta diminuição traduziu-se na poupança de centenas de milhares de dólares.
f) Maior cooperação dos prestadores de cuidados. Os prestadores de cuidados conhecem o paradeiro dos gatos, os seus hábitos e números, e são eles que podem deixar de alimentar os gatos para facilitar a sua captura. A cooperação destas pessoas é fundamental para se conseguir um controlo populacional bem sucedido. O CED é bem visto pelos prestadores de cuidados por não prejudicar os gatos, enquanto que as atividades de captura e abate dão origem à sua resistência e falta de cooperação.
g) Relações Públicas vantajosas para as entidades camarárias. Se as entidades camarárias apoiarem o CED em vez de praticarem a captura e abate, a sua imagem pública melhora. Isto dará origem a mais voluntários, mais pessoas a ir aos canis/gatis camarários para adoptar animais e maior resposta financeira aos apelos.
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